Desbravando o mundo dos espumantes
Se os vinhos brasileiros vem conquistando cada vez mais prestígio, um produto desponta como a jóia da produção nacional: o espumante. Tanto em público como em crítica, nosso espumante, vem ganhando o mundo com premiações de destaque e aumento nas exportações para os principais mercados.
Essa boa reputação também se deve à estruturação das Indicações Geográficas, uma vez que os borbulhantes estão regulamentados na DO Vale dos Vinhedos, IP Farroupilha, IP Monte Belo, IP Altos Montes, IP Pinto Bandeira e IP Campanha Gaúcha.
Na terceira etapa do nosso Guia Prático vamos desbravar o mundo das borbulhas e explicar como é feito este produto tão singular.
Como são feitos os espumantes?
Os espumantes são vinhos cujo gás carbônico, um dos subprodutos da fermentação, são mantidos e retidos em uma pressão a partir de 4 ATM. Esse gás gera as famosas e desejadas borbulhas ou perlage, características desse tipo de bebida.
Os quatro principais métodos de produção de espumantes são:
- Tradicional;
- Charmat;
- Asti;
- Ancestral
O Método Tradicional consiste em duas fermentações: uma primeira em tanque de concreto, aço inoxidável ou madeira para formação do vinho base; e uma segunda fermentação na garrafa, onde o gás carbônico é mantido e são formadas as borbulhas (ou perlage). Esta técnica resulta em bebidas complexas e mais encorpadas.
No Método Charmat também são feitas duas fermentações, mas ambas são realizadas em tanques de aço inoxidável. Na segunda etapa, o tanque, chamado de autoclave, é selado para conter o gás carbônico, que forma as borbulhas. Este método gera espumantes leves e frescos.
Já o Método Asti é escolhido para espumantes menos alcoólicos, leves, doces e frutados; e possui somente uma fermentação alcoólica, realizada em tanque selado de aço inoxidável. É a técnica usada para a elaboração dos moscatéis.
E o Método Ancestral resgata a maneira como eram feitos os primeiros espumantes da história. Nela, o vinho base é engarrafado antes da fermentação encerrar e, com o tempo, as leveduras voltam a atuar dentro da garrafa — gerando gás carbônico na queima dos açúcares restantes. São geralmente produtos mais rústicos e turvos, mas saborosos.
Brut, doce e outras classificações dos espumantes
Os vinhos e os espumantes possuem classificações de acordo com o nível de açúcar residual, as quais variam de acordo com a legislação de cada país.
A classificação brasileira considera as classificações abaixo, em gramas (g) de açúcar residual por litro:
- Nature – até 3g
- Extra Brut – Entre 3,1g a 8g
- Brut – Entre 8,1g a 15g
- Seco – Entre 15,1g a 20g
- Demi-Sec – 20,1g a 60g
- Doce – acima de 60g
Características do espumante brasileiro
O espumante brasileiro tem características únicas, que permitem uma produção de alta qualidade.
Importante considerar alguns fatores que proporcionaram aos produtores chegarem no patamar com os espumantes brasileiros:
Terroir: Se considerarmos a localização da Serra Gaúcha, principal produtor de espumantes do Brasil, bem como seu clima e solo, é possível constatar as condições excepcionais para produção de uvas para espumantes. O clima na Serra Gaúcha permite o amadurecimento perfeito das uvas para a produção dos espumantes, bem como a composição de solos argilosos-ferrosos ácidos, ricos em potássio, criando uma combinação excelente.
Tradição e tecnologia:
A produção de espumantes é centenária. A primeira produção de que se tem notícia remonta a 1913, em um projeto de Manoel Peterlongo no município de Garibaldi (RS). Toda essa história e tradição, aliado aos robustos investimentos em tecnologia, consolidaram o Brasil como expoente mundial.
Agora que já entendemos como é feito esse produto que é um ícone da nossa produção nacional, vamos explorar um tema presente no dia a dia de todo fã de vinhos: como armazenar, servir e guardar o vinho aberto. No quarto capítulo do Guia Prático de vinhos